Wednesday, May 30, 2007

APOSTOLADO DO MAR - JUNHO DE 2007

(Fotografia de Sailor Girl)
1. Na mão de Deus. É conhecida a tradicional religiosidade dos «homens do mar», expressa em ditados populares do género «se queres aprender a rezar, mete-te ao mar». Há uma relação antiga de «respeito» pelo mar, por parte de quem nele trabalha, respeito que, não raro, tem uma dimensão religiosa evidente – talvez porque diante da força adormecida do gigante ou das vagas enraivecidas de uma qualquer tempestade, o homem experimenta a sua fragilidade radical, a sua pequenez e, sobretudo, a sua dependência. E esse é, muitas vezes, um caminho para Deus, qualquer que seja o nome por que Se invoca. No caso das comunidades de tradição cristã, a confiança em Deus face aos perigos do oceano manifesta-se sobretudo na invocação dos santos ou de Nossa Senhora. De um modo ou de outro, é sempre uma manifestação sincera de quem se sabe «na mão de Deus» e confia nos seus desígnios, mesmo no meio das maiores adversidades. E quando o poder das ondas ou a imprevidência dos homens levam à morte de algum pescador ou marinheiro, também nesses momentos os crentes confiam no Deus para Quem todos estão vivos e que a todos protege e conserva na existência, mesmo para lá da morte física. Há, como em todas as outras manifestações religiosas, aspectos desta religiosidade que importa evangelizar, para ser mais conforme ao Deus revelado em Jesus Cristo e menos atreita a práticas supersticiosas – mas isso não anula nem ofusca a beleza de tantas manifestações da fé das gentes do mar, as quais, por serem populares, nem por isso são menos dignas de apreço humano e, certamente, de benevolência da parte de Deus.
2. Uma actividade que urge valorizar. É conhecida a dureza excepcional desta actividade, quer seja na pesca, quer na marinha mercante. Entre nós, as poucas comunidades piscatórias que restam conhecem bem esta dureza, os dramas e tragédias de tal actividade, e como é economicamente pouco compensadora. É sabido, no entanto, que milhões de pessoas, em todo o mundo, dependem directa ou indirectamente de actividades relacionadas com o mar, por onde passa a maior parte do comércio mundial e de onde sai uma parte significativa dos produtos que alimentam a humanidade. Importa, por isso, reconhecer e valorizar esta actividade, criando condições dignas para quantos a ela se entregam. O modo como se ouve falar de marinheiros abandonados nos portos, de gente sem eira nem beira, à espera de uma oportunidade para trabalhar, a degradação moral e social tantas vezes associada ao ambiente que rodeia os portos de mar... tudo isso faz pensar na necessidade de medidas eficazes para valorizar este trabalho e dignificar quantos a ele se dedicam.
3. Igreja atenta e comprometida. Como quase sempre acontece em situações de carência, a Igreja Católica assume um papel de relevo, embora pouco conhecido e menos ainda reconhecido, na defesa da dignidade dos marinheiros e pescadores. O Apostolado do Mar é a expressão organizada desta preocupação da Igreja. Fundado em 1922, depende do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes e está presente em 116 nações. Tem como objectivo apoiar e promover a dignidade da gente do mar, mediante acções de cariz espiritual, moral e social. O seu trabalho não se restringe aos católicos, trabalhando com pessoas de várias confissões religiosas, sobretudo na Ásia. Está dividido em 9 regiões (África Atlântica, África-Oceano Índico, Sudeste Asiático, Europa, Estados do Golfo, América Latina, América do Norte, Oceania e Ásia Meridional), cujos coordenadores reúnem periodicamente. No último encontro, em 2006, os responsáveis do Apostolado do Mar denunciaram o agravamento da situação geral no mundo marítimo e o aparecimento de novos perigos: pirataria, outros tipos de criminalidade, restrições no acesso aos portos, condições de trabalho desumanas, sobretudo na pesca, falta de equipamentos de resgate adequados em caso de naufrágio, exploração, maus-tratos... Dando expressão a estas preocupações, reúne-se, nos próximos dias 24 a 27 deste mês de Junho, em Gdynia (Polónia), o XXII Congresso Mundial do Apostolado do Mar. Que as nossas orações confortem e alentem não só os marinheiros e pescadores, mas também quantos se dedicam ao Apostolado do Mar. Elias Couto, in [Agência Ecclesia], 29/05/2007

2 comments:

pereira de oliveira said...

outra vez aquela luz...Sailor GirL...A LUZ NA FOTOGRAFIA...para ilustrar a nova face do Mar...grande chamada de atencao...Sailor Girl com uma fotografia monumental

LisbonGirl said...

Muito bonita a foto!