Wednesday, August 22, 2007

Desabafos de Sailor Girl a caminho do Creoula

Neste preciso momento estamos a passar pelo Castelo de Palmela, essa Maravilha do Mundo de que ninguém fala e onde o Vento reside. Depois da grande emoção que foi passar pela placa que aponta Moita como destino. O machimbombo vai aos saltos e é-me difícil escrever. Desde que passámos a ponte parece que estamos em África. Faltam as laranjeiras. Recordo-me da fantástica viagem no «Pantera Azul» de Maputo para Johannsburg em Setembro de 1998, oito horas de viagem de sonho em tons de terra e de verde e laranja e azul... Mas aqui vão umas breves linhas... que irei actualizando ao longo do dia... A Vida é mesmo um livro aberto, tipo livro de visitas, onde escrevemos nós... e os outros. Tipo Ementa de Restaurante, onde escolhemos nós... e os outros. Do género declaração de impostos, em que temos de confirmar de novo e de novo o que nos foi imposto... pelos outros. E em que, mais uma vez escrevemos nós... e os outros. Passo agora por uma camioneta dos anos quarenta no meio de uma vinha a perder de vista com um placard da José Maria da Fonseca, grande rival na época da Abel Pereira da Fonseca. Também no caso destas empresas, concorreram duas mas apenas uma sobreviveu. Ou seja, sobreviveu uma.. mas não a outra. Nós e os outros, não há nada a fazer, é mesmo assim, é o grande novo impasse do Séc. XXI: como sobreviver apesar... dos outros. Como reagir às investidas... dos outros. Como escapar à maldade... dos outros. Sem fazer mal nem magoar... os outros. Até já...
«Na Marateca é que é»
Na Marateca passa uma ribeira, a famosa Ribeira da Marateca. As árvores são verdes na Marateca, o céu azul reflecte-se na Ribeira da Marateca. Não se vê ninguém na Marateca, nem os outros, os tais. Esta paisagem de cortar a respiração, o verde em contraste com o cinzento da estrada e com o branco das linhas de marcação faz-me lembrar as pinturas do Rodrigo Bettencourt da Câmara. Será que ele se inspirou aqui, ao passar pela Ribeira da Marateca?... Área de Serviço de Alcácer do Sal, será que é aqui que vamos parar? A próxima área de serviços é só daqui a 42 quilómetros e tenho tanta fome, tanta sede, doem-me os olhos, doem-me as pernas e os pés, dói-me o coração, dói-me a alma, doem-me os dedos indicadores de estar para aqui a escrever. Tudo por causa... dos outros. Se não estaria embarcada num porta-contentores rumo ao infinito. Só não fui, há cerca de dois anos, por causa... dos outros. Estou farta... dos outros. ... Até já...
«Pilhas não temos…» Parámos numa estação de serviço algures, não sei onde, mas cheirava muito bem, cheirava a ALENTEJO PROFUNDO. O problema é o mesmo que me vem assolando desde o dia da Regata do Atlântico Azul... NÃO VENDEM PILHAS NA ESTAÇÃO DE SERVIÇO!!!... E AGORA??? Bem, tenho de gerir muito bem o tempo, pois só nos concederam 10 minutos... Partimos às 19h45 e, pelas 20h15, recomecei a escrever estas breves linhas, exactamente entre o Viaduto de Medronhais e o Viaduto de Freixo, duzentos metros de sonho… a Lua crescente à minha esquerda, o Sol minguante à minha direita. Prevê-se chegarmos a Portimão pelas 21h15. Passamos agora por cima do Barranco da Vinha. O Céu à minha direita azul clarinho e a Lua por cima do verde… que lindo. Que saudades desta sensação de EVASÃO TOTAL. Oiço a música «Heading for the Sunrise, Heading for the Seashore», de um dos álbuns do Café del Mar… E a bateria do computador a acabar, ao som da ária «Ombra mai fu»… Até já…

6 comments:

Anonymous said...

pra quando e as viagens a bruxelas ?
de sorteio ?
rabanete

pereira de oliveira said...

boa viagem....a margem sul dá muita fome...boa viagem...os outros são todos e há lá sempre outros que ajudam

pereira de oliveira said...

rabanete: atende o telemóvel e manda-me um email, na sexta-feira estou na Pátria e explico como tudo se vai passar...abração

A Memória said...

VÃO À COMUNIDADE QUE NAVEGA NO TEJO E LÁ ESTÁ A NOTÍCIA DA VIAGEM DA SENHORA COMODOR A CAMINHO DE EMBARCAR NO SEU...MUITO DESEJADO ... "CREOULA"

Anonymous said...

Acabei de fotografar o Farol da Ribeira da Marateca e encontrei o dito de tal forma iluminado que logo pensei em coisa milagreira. Afinal era a Sailor Girl que por lá navegava à Descoberta do verdadeiro SUL Infinito. Boa viagem...

Raquel Sabino Pereira said...

JC: tive de apagar o post acima, mas não queria perder o seu comentário, que passo a reproduzir:

«lol lol isso é tudo felicidade?
Tão cedo não vai haver os gritos que se ouvem de vez enquando para os lados do Farol de Santa Marta.Depois da tempestade vem sempre a bonança!E tudo é mais... AZUL.Bons ventos Marinheira.JC.»