GRANDE FRANCISCO!!!
"Venci o medo e o 'stress' de andar sozinho no mar", Francisco Lobato
DN- Enfrentou um naufrágio na prova qualificatória, sofreu alucinações na primeira etapa da rota da Transat 6.50 e sentiu o medo e a ansiedade no meio do oceano. Como venceu tudo isso?
FL- Foram situações difíceis que só ultrapassei porque sentia que era capaz de aguentar. Num naufrágio ou numa situação de emergência no meio do oceano reconhecemos a gravidade dos problemas, mas também não temos outra opção a não ser resolvê-los da melhor maneira possível. Na imensidão do oceano, longe de qualquer porção de terra, sentimo-nos muito pequeninos. Venci o medo e o stress de andar sozinho no mar.
DN- Navegar em solitário exige muito de um velejador tanto física como psicologicamente. Por que razão escolheu esta modalidade náutica?
FL- Tenho dificuldade em responder a essa pergunta. Mas acho que foi algo que foi nascendo dentro de mim, quando eu já acompanhava as edições anteriores desta regata. Era um fascínio que tinha, pois velejo desde criança e o mar sempre foi um elemento de encanto para mim. Era um desafio, era uma pergunta que eu tinha de responder a mim próprio - será que conseguia fazer isto?
DN- Nesta segunda etapa da regata, entre a Madeira e o Brasil, teve sérias avarias a bordo do veleiro. Como é que resolveu esses problemas?
FL- Entre as Canárias e Cabo Verde, houve avarias nas ferragens dos dois lemes do barco e tive de realizar uma reparação que nunca antes tinha sido tentada por ninguém. Consegui arranjar as ferragens com o mínimo de ferramentas e materiais a bordo e, principalmente, consegui colocar o leme de volta na água, no meio de um mar agitado e sob ventos de 25 nós (45 km/h). Foi um esforço mental e físico muito grande, a lutar contra a força monstruosa das vagas.
DN- Qual foi a maior recompensa deste projecto náutico?
FL- O principal é que há três anos decidi fazer o projecto, o que era uma coisa quase impossível, com muitas barreiras a ultrapassar - os treinos, a qualificatória, a busca de patrocinadores. Agora que completei a regata e consegui uma boa classificação (entre os dez primeiros), sinto que cumpri todo um caminho árduo.
DN- Em algum momento pensou em desistir da rota?
FL- Nunca pensei em desistir, apesar de ter enfrentado situações nas quais o próprio barco estava em perigo. O meu receio era não conseguir resolver os problemas e ser forçado a abandonar o barco, como quase aconteceu na altura do naufrágio na baía de Biscaia, quando o barco se voltou e tive de accionar o sinal de emergência.
DN- Quais são os seus futuros projectos náuticos?
FL- Já penso num novo projecto para a Transat 2009 e também gostaria de participar nas regatas da classe Figaro. Volto para Lisboa dia 10 de Novembro e vou reunir-me com o nosso patrocinador [BPI] para analisar a ideia.
Entrevista do [Diário de Notícias] a [Francisco Lobato], publicada na edição de ontem!!!
2 comments:
BOA!!!!
PARABÉNS!
Deve ser preciso ter umas amigdalas do tamanho de laranjas, quiçá mesmo de abóboras!!!
CF
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